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Terreiro de Gantois preserva culto aos Orixás na Bahia e mantém costumes e legados milenares dos povos Iorubá

Morre Mãe Carmen dos Gantois O Ilé Iyá Omi Àse Iyamasé, conhecido como Terreiro de Gantois, que foi comandado por Mãe Carmen nos últimos 23 anos, foi fun...

Terreiro de Gantois preserva culto aos Orixás na Bahia e mantém costumes e legados milenares dos povos Iorubá
Terreiro de Gantois preserva culto aos Orixás na Bahia e mantém costumes e legados milenares dos povos Iorubá (Foto: Reprodução)

Morre Mãe Carmen dos Gantois O Ilé Iyá Omi Àse Iyamasé, conhecido como Terreiro de Gantois, que foi comandado por Mãe Carmen nos últimos 23 anos, foi fundado pela africana Maria Júlia da Conceição Nazareth, em 1949, e mantém os costumes e os legados milenares dos povos Iorubá (Abeokutá), preservando o culto aos Orixás. A ialorixá morreu na madrugada desta sexta-feira (26), em Salvador. O espaço sagrado segue uma tradição matriarcal com base na estrutura familiar de manutenção dos laços parentais, onde as dirigentes são sempre do sexo feminino obedecendo aos critérios de hereditariedade e consanguineidade. Até então, seis mulheres já comandaram o Terreiro de Gountois. O nome deve-se ao antigo proprietário do terreno, o traficante de escravos belga Édouard Gantois, que arrendou as terras a Maria Júlia da Conceição Nazareth, a fundadora do candomblé do Alto do Gantois. Terreiro dos Gantois durante lançamento de álbum em homenagem a Mãe Carmen Alan Oliveira/G1 LEIA TAMBÉM: Mãe Carmen, ialorixá do Terreiro do Gantois, morre aos 98 anos em Salvador Maria Bethânia e Regina Casé lamentam morte da líder religiosa O espaço fica localizado na Rua Mãe Menininha do Gantois, no bairro da Federação, uma área alta de Salvador, cercada por um bosque de difícil acesso, que de acordo com o site do Terreiro de Gantois, protegia o local da perseguição policial existente à época. O Terreiro do Gantois é um elemento de preservação e perpetuação da memória e tradição cultural da Bahia e do Brasil. Por isso, foi considerado Área de Proteção Cultural e Paisagística pela Prefeitura de Salvador, e tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) como Patrimônio Histórico e Etnográfico do Brasil. Mãe Carmen morreu nesta sexta-feira Reprodução/Redes Sociais Estrutura reflete simbologia Terreiro de Gantois, em Salvador Terreiro de Gantois A estrutura do terreiro reflete uma simbologia. Há o espaço dos festejos no barracão e os assentamentos das divindades. A natureza também é parte fundamental dessa estrutura e expressão do sagrado, além dos compartimentos domésticos e da área externa que engloba o entorno. O Ilé Iyá Omi Asé Iyamasé é um dos poucos no Brasil que preserva na direção uma descendente direta das africanas fundadoras do primeiro Candomblé de origem iorubana, seguindo a tradição matriarcal. Veja abaixo a linha sucessória: Maria Júlia da Conceição Nazareth Terreiro de Gantois Maria Júlia da Conceição Nazareth (1800-1910): Africana liberta que fundou, em 1849, o Terreiro do Gantois, tornando-se a sua primeira Iyalorixá. Casada com Francisco Nazaré (1789 – 1859), africano jeje, com quem teve 10 filhos. Pulchéria Maria da Conceição Nazareth (1841-1918) Terreiro de Gantois Pulchéria Maria da Conceição Nazareth (1841-1918): Foi a segunda Iyalorixá do Terreiro, assumindo em 1910 a liderança no lugar de sua mãe, Maria Júlia. Consolidou e fortaleceu o Gantois,mostrando profundo poder de liderança o que lhe legou a titulação de “Pulchéria de Oxossi – a grande”. Maria da Glória Conceição Nazareth (1879 – 1920): Foi a terceira Iyalorixá do Terreiro do Gantois, sucedendo sua tia Pulchéria, no período de 1918 a 1920. Maria Escolástica da Conceição Nazareth (1894-1986) Terreiro de Gantois Maria Escolástica da Conceição Nazareth (1894-1986): Filha de Joaquim e Maria da Glória, Maria Escolástica da Conceição Nazareth, mais conhecida como Mãe Menininha do Gantois, tornou-se a quarta Iyalorixá do Gantois, e liderou no período de 1922 a 1986. Casada com o advogado Álvaro Macdowell de Oliveira, teve duas filhas: Cleusa e Carmen. Cleusa Millet Terreiro de Gantois Cleusa Millet: Filha mais velha de Mãe Menininha, estando à frente do Gantois no período de 1989 a 1998. Carmen Oliveira da Silva Terreiro de Gantois Carmen Oliveira da Silva: Filha mais nova de Mãe Menininha, Mãe Carmen de Oxaguian foi iniciada aos 7 anos, nasceu e cresceu dentro da Casa do Candomblé, e viveu grande parte de sua vida como Iyalaxé do Gantois. Foi casada com José Zeno da Silva, tendo duas filhas Ângela Ferreira (Iyakekerê) e Neli Cristina (Iyadagan), três netos (Bruno, Leila Carla e Leandro), e duas bisnetas (Letícia e Sophia). Desde o ano de 2002, por determinação dos Orixás, assumiu o trono do Gantois. Há 23 anos, tinha a responsabilidade de ser a guardiã de um dos pilares da espiritualidade, cultura e ancestralidade negra do Brasil e no mundo. Morte de Mãe Carmen Morre Mãe Mãe Carmen, ialorixá do Terreiro do Gantois Reprodução/Redes Sociais Mãe Carmen morreu na madrugada desta sexta-feira (26). Ela estava internada há duas semanas no Hospital Português, em Salvador, por causa de uma forte gripe. A ialorixá nasceu em 1926, mas só foi registrada dois anos depois. Na segunda-feira (29), completaria 99 anos. O velório de Mãe Carmen acontecerá nesta sexta-feira (26), às 11h30, no Terreiro de Gountois, aberto ao público. Já o sepultamento dela está marcado para 11h30 de sábado (27), no Cemitério Jardim da Saudade, na capital baiana. Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻