Inquérito sobre morte de advogada em naufrágio inocenta noivo, mas aponta possível omissão de agentes públicos
Veja os vídeos que estão em alta no g1 A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o naufrágio do veleiro que resultou na morte da advogada Maria Eduarda Ca...
Veja os vídeos que estão em alta no g1 A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o naufrágio do veleiro que resultou na morte da advogada Maria Eduarda Carvalho de Medeiros e sua cadela de estimação, Belinha, em junho deste ano, na praia de Suape, no Grande Recife. No relatório da investigação, ao qual o g1 teve acesso, o delegado Ney Luiz Rodrigues cita "falhas graves" e "possível omissão" por parte do Corpo de Bombeiros e da Marinha e pede a abertura de processos disciplinares para apurar a conduta dos militares envolvidos. Segundo o documento, as equipes de resgate aéreo foram acionadas cinco horas depois que os órgãos receberam os primeiros chamados para socorrer as vítimas. ✅ Receba as notícias do g1 PE no WhatsApp Além disso, a polícia classificou o naufrágio como um "acidente marítimo involuntário", sem qualquer "indício de culpa" do médico Serafico Pereira Cabral Júnior, noivo da vítima que pilotava o barco, e pediu o arquivamento do caso. A conclusão do inquérito foi publicada em 5 de novembro. Depois disso, o documento é remetido ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que vai definir se o inquérito será arquivado ou se novas investigações e provas precisam ser apresentadas. O acidente aconteceu na tarde do dia 21 de junho, na praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Após o veleiro afundar, o médico nadou por cerca de três horas com Maria Eduarda e segurando Belinha, mas acabou perdendo a companheira de vista e a cadela depois que os três foram atingidos por uma onda forte (relembre o caso abaixo). O g1 entrou em contato com a defesa de Serafico Júnior e com o MPPE, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem. De acordo com o inquérito, as diligências comprovaram que: o investigado era habilitado para condução de embarcação; as condições meteorológicas e marítimas eram favoráveis no início do passeio; não houve ingestão de bebida alcoólica; o uso de coletes salva-vidas, embora recomendado, não seria capaz de evitar o resultado letal, tendo em vista o tempo de permanência no mar (cerca de duas horas) e as condições de correnteza e exaustão; o local de saída (paredão rochoso do Complexo Portuário de Suape) apresentava características de difícil acesso e impacto intenso de ondas, o que reforça a impossibilidade de controle do evento. Omissão de agentes públicos A investigação concluiu, no entanto, que há indícios de uma possível omissão de agentes públicos que atuaram na ocorrência do salvamento e falha operacional, o que, conforme o relatório do inquérito, pode configurar crime militar. De acordo com o inquérito policial, houve "falhas graves" de comunicação e resposta operacional por parte de militares lotados no Centro Integrado de Operações de Defesa Social (CIODS), responsáveis pelo atendimento inicial da ocorrência. O documento informa que, apesar de o acidente ter sido comunicado às 17h08, o acionamento do Grupamento Tático Aéreo (GTA) ocorreu somente por volta das 22h, aproximadamente seis horas após o naufrágio, período em que o salvamento ainda seria possível. Além disso, o inquérito também cita demora nas tentativas de contato com a Capitania dos Portos de Pernambuco e falta de integração com o Corpo de Bombeiros Militar e o Salva-Mar de Ipojuca e que isso comprometeu a efetividade do resgate. O relatório solicita, ainda, que a Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social e o Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar apure as condutas dos militares envolvidos no atendimento da ocorrência. O documento também pede que a Marinha do Brasil adote providências disciplinares, administrativas e penais em relação aos militares da Capitania dos Portos. Maria Eduarda Medeiros e Belinha, advogada e cadela de estimação que desapareceram no mar após acidente de barco na praia de Suape, no Grande Recife Acervo pessoal Naufrágio em Suape Médico que pilotava barco presta depoimento sobre naufrágio que matou advogada no mar de Suape O acidente aconteceu na tarde do sábado (21), na praia de Suape, no Cabo de Santo Agostinho. A Praia de Suape é a última orla marítima do Cabo de Santo Agostinho antes do Complexo Portuário de Suape, em Ipojuca. Segundo testemunhas, Maria Eduarda estava no barco com o namorado e a cadela quando a embarcação virou. A advogada e o animal de estimação ficaram perdidos no mar. O médico Serafico Pereira Cabral Junior, de 55 anos, foi resgatado pelos bombeiros na costa e levado à UPA de Ipojuca, município vizinho ao Cabo. De acordo com a prefeitura de Ipojuca, ele relatou às autoridades que nadou por três horas até à costa, onde conseguiu pedir ajuda. O trabalho de buscas na região começou ainda na tarde do sábado (21). As operações foram retomadas no domingo (22) e na segunda (23) e seguiam o dia inteiro, sendo suspensas no fim da tarde por causa da falta de visibilidade à noite. O corpo de Maria Eduarda foi encontrado na manhã da terça-feira (24), quarto dia de buscas. A Polícia Civil informou que o caso é investigado pela Delegacia de Porto de Galinhas. A Marinha do Brasil também instaurou um inquérito para apurar as circunstâncias e causas do naufrágio, buscando esclarecer se houve falha humana, técnica ou condições adversas de navegação. A Justiça negou permissão à família para cremar o corpo da advogada. A juíza Danielle Christine Silva Melo Burichel alegou que a declaração de óbito emitida pelo Instituto de Medicina Legal (IML) não substitui o laudo pericial tanatoscópico, que vai trazer detalhes das análises da perícia e as conclusões técnicas sobre a causa da morte. VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias